Já percebeu que, ao girar a taça de vinho, o líquido circula e se movimenta deixando rastros no vidro ou no cristal? E que essas marcas podem escorrer pelo interior do bojo? São as chamadas lágrimas do vinho. Elas fazem parte da análise visual da bebida na degustação. Outros nomes informais para as lágrimas são arcos, arcadas, pernas, abóbodas. Tecnicamente, elas são denominadas arquetes.
Como em muitos outros assuntos do mundo da nossa bebida favorita, as lágrimas têm seus mitos e verdades. Não é verdade que elas têm relação com glicerina e gordura, tampouco com a qualidade do vinho e nem que diz respeito apenas ao teor de açúcar. Elas podem, sim, indicar nível de açúcar, mas também estrutura, densidade e teor alcoólico.
As lágrimas do vinho surgem a partir das características físico-químicas da água e do álcool. Mais especificamente pela diferença da tensão superficial desses componentes. No século 19, dois cientistas, Carlo Marangoni e James Thompson, estudaram a fundo o fenômeno, que é chamado de Efeito Marangoni.
Como elas são formadas?
É importante entender a ciência por trás do fenômeno. Quando você agita o vinho, o álcool primeiro se acumula nas laterais da taça, depois começa a evaporar, enquanto a água e outras moléculas do vinho se transformam em gotas que vão escorrer de volta para o fundo, e a alta tensão superficial na parede da taça faz com que o líquido escorra como lágrimas, em filetes. Simples assim.
Análise das lágrimas do vinho
A análise das lágrimas deve ser feita durante a observação visual. A taça, é claro, deve ser transparente e de bom material. Para observar a formação das lágrimas, gire o líquido e espere uns segundos. Se houver muitas, elas estiverem juntas e descerem lentamente, o vinho tem alto potencial alcoólico. Poucas lágrimas, que escorrem rapidamente, indicam menos álcool. Quanto maior o teor de açúcar, mais viscosidade as lágrimas terão.
A viscosidade ou fluidez é uma boa indicação de corpo, peso e, sobretudo, teor alcoólico do que estamos degustando. Assim, quanto mais um vinho “chora”, ou mais numerosas e finas são suas “pernas”, mais álcool ele conterá. Quanto mais lentamente escorrerem estas “lágrimas”, mais densa será a bebida, indicando uma maior concentração de açúcar e outros componentes como tanino e outros polifenóis.
Porém…, sempre tem um “porém”… essa regra só vale em condições perfeitas. A taça deve estar totalmente limpa, seca, sem presença de outras substâncias que podem interferir no fenômeno. Além disso há ainda as condições ambientais. A temperatura ambiente e a umidade podem interferir na taxa de evaporação do álcool, influenciando a formação dos arcos.
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