Berço da uva Touriga Nacional, o Dão produz vinhos elegantes e de personalidade. Os rótulos da região possuem excelente estrutura, o que os fazem fáceis de apreciar e os tornam vinhos gastronômicos.
Estas vinhas, cultivadas em solos xistosos ou graníticos e protegidas dos ventos provenientes do Atlântico pelas serras do Caramulo, Montemuro, Buçaco e Estrela, dão origem a alguns dos melhores vinhos de Portugal. Os tintos, aveludados e encorpados, têm um sabor complexo e aroma de frutas maduras – afirma.
O Dão é uma região encantadora, de vinhos elegantes, de elevada qualidade e bom potencial de guarda.
Os vinhos brancos do Dão mostram grande qualidade. Sobretudo quando trazem riqueza aromática e ampla mineralidade, que é um claro reflexo do solo predominantemente granítico, além do resultado claro de uma minuciosa vinificação.
1 – O terroir do Dão
O Dão está localizado no Centro-Norte de Portugal, em uma área montanhosa, que o protege dos ventos frios do Norte e da umidade do oceano. Embora haja videiras em altitudes que rondem os 800 metros, a maioria está plantada entre os 400 e 500 metros acima do nível do mar.
Os solos das vinhas são de baixa fertilidade, predominantemente graníticos com algumas áreas com xisto. O clima é temperado, com chuvas no inverno e muito quente no verão; as temperaturas médias mensais ficam entre 18 e 20 graus. No verão, as máximas podem ultrapassar 30 graus. Há risco de geadas em março, abril e maio, que podem causar danos ao desenvolvimento da videira e prejudicar o rendimento dos anos seguintes.
Uma das características da região é o grande número de produtores, com propriedades pequenas. Na vinificação, usam tanto técnicas tradicionais quanto modernas. É comum e existência de vinhas velhas, onde várias uvas são cultivadas, às vezes brancas e tintas, que são vindimadas e fermentadas juntas.
2 – O berço da nobre Touriga Nacional
A fama dos vinhos do Dão se deve a esta casta, a mais nobre entre as tintas da região. Produz vinhos de coloração intensa, com tons violáceos, quando novos. Seus aromas são intensos, de elevada complexidade: frutas negras muito maduras, além de notas de amoras, rosmaninho, alfazema, estévia, alcacuz, eucalipto. Na boca, é encorpado, persistente, taninoso, e muito frutado quando jovem. Tem elevado potencial para envelhecimento prolongado, adquirindo elegância, além de aroma e sabor aveludados inconfundíveis. Harmoniza com carne vermelha, churrasco, frios e queijos de pasta dura.
3 – Encruzado: brancos expressivos
Esta uva praticamente só é cultivada na região do Dão, onde se destaca entre as castas brancas. Seus vinhos têm grande delicadeza e complexidade aromática, com notas florais, herbáceas e minerais. São elegantes e com equilíbrio álcool e acidez. Tem elevado potencial de envelhecimento. Combina com pratos de peixes gordos, bacalhau, carne vermelha grelhada, mariscos, carne de caça, risoto e queijo de ovelha.
4 – Mais uvas tintas do Dão:
Alfrocheiro – Cultivada quase exclusivamente no Dão, não se conhece com exatidão a sua origem, ainda que se especule que possa ser estrangeira. Seus vinhos apresentam equilíbrio entre acidez, açúcar e taninos e boa cor dos vinhos. Tem aromas frutados e finos, que lembram morangos bem maduros, ganhando complexidade com o passar dos anos. Harmoniza com cabrito assado ou grelhado, massas com molho de carne e queijos de pasta dura.
Aragonez / Tinta Roriz – Usada em cortes, intensifica os aromas de fruta madura, dá muita cor e boas graduações alcoólicas. É conhecido o equilíbrio entre seus taninos, corpo e acidez. Dá vinhos elegantes, com alto potencial de envelhecimento. Tem aromas de frutas como groselha e amora, florais, especiarias e chocolate. Combina com pratos elaborados de peixes gordos, bacalhau e carne vermelha.
Jaen – É cultivada pelo menos desde os meados do século passado, e se acredita que tenha sido trazida por peregrinos que fizeram os caminhos de Santiago. Difundiu-se pela região do Dão, graças à sua boa produtividade. Dá vinhos são elegantes, mas com baixa acidez. Tem aromas intensos e delicados, com notas de framboesa, mirtilo e cereja. Combina com bacalhau, magret de pato, pratos com cogumelos e comida mexicana
5 – Mais uvas brancas do Dão
Malvasia Fina – Difundida por quase todas as regiões vitícolas de Portugal, expressa sua potencialidade no Dão, sendo por isso a mais cultivada. Seus vinhos têm aromas intensos, com notas florais. Possui bom potencial para envelhecimento, com bouquet extraordinário. Em cortes com outras castas do Dão, forma a personalidade própria dos vinhos brancos da região.
Cerceal Branco – No Dão, apresenta características enológicas diferentes de outras regiões vitícolas de Portugal. É a casta mais produtiva e dá origem a vinhos com aroma intenso de frutas. É usada em cortes em razão de sua acidez elevada.
Bical – Muito conhecida no Centro de Portugal pela sua precocidade. Se for colhida na época certa, obtêm-se vinhos de cor citrina, aromas complexos e frutados. Seus vinhos têm boa graduação alcoólica e baixa acidez.
Confira uma seleção de vinhos do Dão:
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